Tenho feito um esforço ENORME para conseguir resgatar o hábito da leitura. Não que meu desejo não seja este, mas, o cansaço que me assola não tem permitido que a minha vontade seja tamanha. Ainda assim, tenho tentado driblar, com a ginga de um Garrincha, os excessos profissionais. Sei que não devemos nos escravizar, nem fazer dos nossos compromissos uma prisão. No entanto, vamos nos envolvendo de tal forma com as coisas que quando nos damos conta, estamos de pés e mãos atados. Sei que já mudei bastante o meu ritmo de vida, mas, preciso que está mudança seja bem mais significativa. Tracei planos, estabeleci metas e coloquei prazo para que os meus objetivos se confirmem. Pretendo, no próximo ano, me dedicar bem mais a música do que fiz até então. Quero que as minhas atividades culturais sejam mais intensas e que o meu trabalho caminhe por si só. Não quero que ele seja tão dependente assim de mim. Hoje, decidi comprar um novo desafio. O desafio de manter o meu sonho cada vez mais presente e, para isso, preciso ter mais liberdade do que venho tendo. Preciso que o meu trabalho exija menos de mim. Não quero deixar que os valores materiais se tonem mais importantes em minha vida que os meus ideais. Sempre fui um sonhador , e, a essa altura do campeonato, não pretendo deixar de ser, está na minha essência. O dia que isto mudar, talvez eu me torne uma pessoa amarga. Só de pensar nessa possibilidade, sinto calafrios. Não consigo imaginar artistas, românticos ou poetas entregues a comportamentos extremamente racionais. Todos que são dados a emoção, trazem em si, o carinho pela vida. Pelas atitudes desprovidas de interesse. Sofredores são todos aqueles que se privam da emoção e fazem disso uma forma de vida. Lamento profundamente por estes que olham para os opostos com um certo ar de inveja.
Pois bem, vejo ao meu lado as páginas consagradas de Gabriel Garcia Marquez. " Cem anos de solidão" já foi imortalizado pela crítica e frequenta as prateleiras dos mais vendidos. Entregar-me a uma leitura datada, densa e rica em detalhes não é tarefa fácil para quem, além da falta de tempo, é um disperso por natureza. Sempre tive dificuldades em me concentrar. Minha mente assume pensamentos díspares com uma facilidade absurda. Não sou o tipo de pessoa que consegue ler com a televisão ligada. Preciso do silêncio para poder tomar as decisões. Preciso da calmaria para que a leitura venha a me entreter. Por isso, que tanto gosto da solidão das noites. É nela que consigo pensar nas letras que tenho vontade de escrever. Durante a madrugada é que saem as melhores frases, as construções que mais me orgulho e os rascunhos mais interessantes. O resto, são quase sempre devaneios que surgem ao longo do dia, no meio do trânsito ou, num estacionamento qualquer.
Nada como as horas serenas de uma boa madrugada onde a vida repousa sem a pressa dos dias.
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