sábado, fevereiro 10, 2007

de volta ao batente ...

Depois de um mês e meio longe da música, eu e Gustavo, retomamos as gravações com um ânimo bem maior, sem o desgaste decorrente do final de ano.

Sei dizer que ano de 2006 exigiu bastante de nós dois. Foi um ano em que tivemos que estudar os programas que escolhemos utilizar no processo de gravação das faixas e quebramos bastante a cabeça durante vários meses. Saimos, literalmente, da estaca zero. Não sabíamos absolutamente nada dos programas. Foi dando murro em ponta de faca que nós fomos aprendendo a manusear softwares de gravação. Isso sem falar na quantidade de plugins que nós testamos, fora os outros tantos que nós tentamos instalar sem êxito.

Agora já podemos dizer que estamos munidos dos equipamentos necessários e de um aparato que atende as nossas expectativas. Outro fator importante, é o quanto nós estamos nos sentindo seguros em relação as etapas que estão sendo vencidas.. Antes mesmo de pensar em começar a gravar, nós conversamos várias vezes sobre como deveríamos conduzir todo esse processo. Sem sombra de dúvidas, isso nos ajudou bastante. Nos fez ver e entender como funciona cada uma das etapas. Hoje podemos dizer que somos capazes de realizar um trabalho de produção com qualidade, justamente, por que não tivemos pressa e nem medimos esforços para aprender.

Hoje, temos certeza que o resultado final será aquele que desejamos !!!

domingo, fevereiro 04, 2007

rio de jano ...

Já divulguei inúmeras vezes esse documentário dos diretores Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi. Agora, resolvi publicar uma resenha que foi escrita pelo jornalista Evaldo Mocarzel do jornal do Brasil que descreve o filme com todos os seus predicados. Então, senhoras e senhores, com vocês, Rio de Jano !!!

Leve como um sábado de praia

Filmar o Rio é uma tarefa difícil para qualquer documentarista. A imagem da cidade já foi focalizada de tantos ângulos e maneiras, com propostas estéticas que vão do bairrismo ufanista à mais cruel vontade sensacionalista de inundar de violência a exuberância paisagística desse cenário maravilhoso entre o mar e a montanha. É realmente complicado encontrar um recorte inusitado nesse mosaico de praias verdejantes e tiroteios sanguinolentos.

Rio de Jano é, com toda certeza, um novo olhar sobre a vida carioca. Um olhar tocante, porque guiado por uma constante pulsação humanista, quase sempre o melhor caminho para qualquer documentário, diga-se de passagem. Os diretores Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi são fãs da cidade, não dá para negar. Mas não se deixaram levar por aquela cegueira que costuma tomar conta dos cariocas mais xiitas, principalmente mineiros e gaúchos, que tendem a adotar o Rio com um furor fundamentalista assustador.
O crítico e ensaísta Jean-Claude Bernadet costuma dizer que não há alteridade em nenhum documentário, mas sempre ''euteridade''. Melhor dizendo: o documentarista está sempre colocando o próprio ponto de vista no filme, mesmo que esteja arduamente tentando projetar na tela a cultura do ''outro'', ou seja, do seu entrevistado. Rio de Jano é um belo exemplo de um exercício de alteridade bem-sucedido. Os diretores conseguiram focalizar a cidade e sua gente com a visão irreverente, engraçada, carinhosa e humanista do desenhista francês Jano.

Rio de Jano resgata uma cidade que parece um pouco esquecida no meio de tanta macumba para turista. O filme foge desta encruzilhada empobrecedora como o diabo foge da cruz. É interessante comentar que o diretor Marcos Bernstein e o diretor de fotografia Toca Seabra foram buscar inspiração na atmosfera de solidão dos quadros de Edward Hopper, riscados por brancos fachos de luz do sol, para filmar a Copacabana de O outro lado da rua sem tropicalizá-la de maneira caricata. É engraçado que a imagem do Rio tenha sido tão folclorizada que pontos de vista de estrangeiros afetuosos e clarividentes como Jano são uma espécie de alento para vermos a ''Cidade Maravilhosa'' sob novas luzes, menos carnavalizadas.

Rio de Jano é um documentário delicioso, que flui na tela como um sábado de praia, conduzido pela bela trilha de Lucas Marcier e Rodrigo Marçal. A direção de fotografia é assinada pelo mestre Mario Carneiro, em parceria com André Vieira. Programação obrigatória para brasileiros e estrangeiros que amam um Brasil que está muito além dos estereótipos que costumam encobrir a essência da vida carioca.

Evaldo Mocarzel - Cineasta, diretor de 'À margem da imagem'

o dvd já está disponível em várias locadoras do Brasil.

http://www.hybrazilfilmes.com/riodejano/